Marketing e bandas de rock: 7 cases de harmonia

O rock é um dos gêneros musicais mais impactantes e influentes de todos os tempos. Com suas melodias enérgicas, letras poderosas e atitude rebelde, o rock conquistou os corações e mentes de fãs ao redor do mundo. No entanto, o sucesso de uma banda de rock não se resume apenas à música. Estratégias inteligentes de marketing desempenham um papel crucial na construção de uma base de fãs leais e no alcance de um sucesso duradouro.
Neste artigo, exploraremos sete casos de sucesso de bandas de rock que dominaram o mundo da música com suas abordagens inovadoras de marketing. Desde a construção de marcas sólidas até a criação de expectativa através do hype, essas bandas mostraram que o marketing eficaz pode impulsionar o sucesso de uma banda de rock para o topo das paradas.
Se você é um entusiasta do rock, um fã fervoroso dessas bandas ou simplesmente está em busca de inspiração para o seu marketing, este artigo fornecerá insights valiosos. Prepare-se para uma jornada pelos bastidores dessas bandas lendárias e descubra como o marketing inteligente pode impulsionar diversas marcas ao centro dos holofotes.

1. Rolling Stones: a marca do Rock 'n' Roll

Os Rolling Stones são verdadeiros mestres na arte do marketing e souberam usar estratégias inteligentes para posicionar sua imagem, aprimorar sua comunicação e criar shows extraordinários. Desde o início de sua carreira, a banda adotou uma abordagem estratégica para estabelecer sua identidade única no cenário do rock.
Primeiramente, os Rolling Stones construíram uma imagem rebelde e transgressora que os diferenciava de outras bandas da época, principalmente os Beatles. Utilizando roupas ousadas, atitudes provocativas e letras desafiadoras, eles se tornaram os “bad boys” do rock. Essa imagem provocadora, repleta de controvérsias, foi fruto do posicionamento de marca da banda. Os Rolling Stones souberam capitalizar essa imagem por meio de sua comunicação, transmitindo-a de forma consistente em suas entrevistas, músicas e aparições públicas.
Eles lançaram álbuns como “Let It Bleed”, em contraste com “Let It Be” dos Beatles, e afirmaram que eram uma banda voltada para o “ao vivo”, ao invés de focarem apenas nos discos. Essas estratégias ajudaram a consolidar sua marca como uma banda de rock única e a estabelecer uma relação diferenciada com o público. Os Rolling Stones são um exemplo de sucesso e versatilidade que outras empresas podem buscar para se adaptar às mudanças do mercado.

Branding

O logotipo “Tongue-and-Lips” ou “Big Red Mouth” dos Rolling Stones é definitivamente um dos símbolos mais amplamente reconhecidos e icônicos do planeta.
A ideia de associar uma banda de música a um único logotipo era relativamente nova em 1969. Contudo, sempre visionário, Mick Jagger percebeu que faltava algo para consolidar a marca dos Rolling Stones. Durante uma visita à mostra de formatura do Royal College, Jagger viu os designs de Jon Pasche, então um estudante. Impressionado, contratou Pasche, que completou o trabalho em apenas quinze dias. Jagger explicou a Pasche que desejava um logotipo inspirado na deusa hindu Kali, conhecida por sua boca impressionante com a língua para fora. Pasche revelou que a ideia de um símbolo com uma boca surgiu ao ver Mick Jagger pessoalmente pela primeira vez. Ele afirmou que era impossível não associar os lábios e a boca de Jagger, características visuais mais marcantes do músico.
O design original era em preto e branco, mas assim que se tornou o logotipo oficial, foi colorido de vermelho. Essa escolha de cor foi provavelmente a mais lógica, não apenas porque o vermelho é uma cor naturalmente associada aos lábios, mas também porque representa paixão e rebeldia.

2. Velvet Underground: marketing de influência antes das redes sociais

A colaboração entre Andy Warhol e Velvet Underground marcou uma era de experimentação, transgressão e inovação no cenário musical e artístico. Nesta seção de estudo de caso, exploraremos como a parceria entre esses artistas icônicos se desenvolveu e o impacto que tiveram na cultura popular.
Andy Warhol foi uma figura influente da época, atuando como artista visual, diretor de cinema, produtor e figura central no movimento pop art. Ele explorou a relação entre expressão artística, publicidade e a cultura das celebridades que floresceu nos anos 1960, utilizando diversas mídias, como pintura, serigrafia, fotografia, cinema e escultura.
A parceria entre Warhol e Velvet Underground começou quando Warhol viu a banda se apresentar no Café Bizarre, no Greenwich Village, em Nova York. Naquela época, Warhol estava no auge de sua popularidade como artista e ofereceu-se para ser o empresário da banda, reconhecendo seu potencial para sua nova empreitada multimídia. A banda aceitou prontamente a oferta, e a gestão de Warhol impulsionou sua ascensão ao estrelato quase instantaneamente.

Design icônico

Andy Warhol, além de empresário, também foi responsável pelo design icônico da capa do álbum “The Velvet Underground and Nico”. A capa, com uma ilustração de uma banana que podia ser descascada para revelar uma imagem de uma banana rosa, foi uma das primeiras a utilizar mídias mistas e se tornou um símbolo do grupo. Warhol também influenciou a estética visual da banda, criando uma atmosfera artística e provocativa em suas apresentações e shows, incluindo projeções de filmes durante as turnês.
Warhol, que administrou a banda por um breve período, incorporou as apresentações do Velvet Underground em seu Exploding Plastic Inevitable, um show multimídia com filmes de Warhol, dançarinos, leituras de poesia e luzes piscantes. Ele também conectou a banda com a cantora e modelo alemã Nico, que estrelou o filme de Warhol, “Chelsea Girls”.
A parceria entre Andy Warhol, Velvet Underground e o marketing de influência trouxe uma fusão única entre música, arte e cultura popular. O trabalho conjunto resultou em um legado duradouro que continua a influenciar gerações subsequentes de artistas e músicos da cena indie atual. A colaboração entre esses visionários exemplifica o poder do marketing de influência na promoção de artistas e na criação de movimentos culturais revolucionários.

3. U2: rock como veículo para causas

A abordagem ativista do U2 evoluiu ao longo dos anos. Inicialmente, a banda focou em levantar conscientização e arrecadar dinheiro para causas. Eles participaram de turnês beneficentes para a Anistia Internacional, gravaram canções em apoio ao movimento anti-apartheid e arrecadaram fundos com apresentações marcantes, como o Live Aid em 1985. Essas ações ajudaram a reviver o conceito de “música com mensagem”, menos presente desde a década de 1960. Apesar de aumentar a conscientização, essas iniciativas nem sempre resultaram em melhorias significativas nos direitos humanos ou na resolução de conflitos.
No entanto, o U2 começou a adotar uma abordagem mais direta e envolvida em relação ao ativismo. Durante os anos 1990, a banda passou a se posicionar publicamente em eleições e eventos políticos, como a campanha de Bill Clinton em 1992 e o referendo do Acordo de Sexta-Feira Santa em 1998, que trouxe paz à Irlanda do Norte. Eles se envolveram em protestos e ações diretas, como a tentativa de realizar um show em Sarajevo, capital da Bósnia, durante o cerco da guerra. Embora a banda tenha sido convencida a reduzir suas ações mais radicais, eles continuaram a se envolver de maneiras significativas com as questões que defendiam.
Em resumo, o U2 usou sua música e influência para promover causas sociais importantes. O ativismo da banda evoluiu de ações de conscientização para iniciativas mais diretas e envolvidas, como campanhas de lobby e organização de instituições voltadas para a redução da pobreza e defesa dos direitos humanos. Como consequência, o U2 demonstrou o poder da música como uma plataforma para a mudança social. Da mesma forma, inspirou outros músicos e ativistas a seguirem o mesmo caminho. Este caso do U2 nos mostra o impacto que o marketing social pode ter tanto para marcas quanto para as causas que estas defenderem.

4. Metallica: sempre explorando novas oportunidades

O Metallica é conhecido não apenas por sua música poderosa, mas também por suas estratégias de marketing criativas e inovadoras. A banda tem explorado diferentes oportunidades de negócios, demonstrando sua habilidade em construir uma marca forte e expandir seu alcance.
Além da música, o Metallica também se envolve em diversos empreendimentos e projetos inovadores. Eles colaboraram com artistas de diferentes gêneros musicais, como orquestras sinfônicas, explorando novas possibilidades musicais. A banda também experimentou com formatos de lançamento de álbuns, incluindo a divulgação do álbum “Hardwired… to Self-Destruct” através de uma série de vídeos lançados online. Essas produções cinematográficas são distribuídas em várias plataformas, como cinemas, streaming e mídia física, permitindo que os fãs experimentem a banda de maneiras diferentes.
Esses exemplos destacam a capacidade do Metallica de aplicar estratégias de marketing eficazes em diferentes setores, aproveitando a paixão dos fãs e a força de sua marca. A banda se destaca por sua habilidade de se adaptar ao mercado em constante mudança e de encontrar novas oportunidades de negócios que se alinhem com sua identidade e valores.

5. Legião Urbana: a autenticidade sempre vence

Primeiramente, a Legião Urbana construiu uma identidade musical e lírica única, abordando temas sociais, políticos e existenciais em suas letras. A profundidade e autenticidade das mensagens transmitidas pelas músicas contribuíram para estabelecer um posicionamento diferenciado no mercado musical. Por essa razão, conquistaram uma base sólida de fãs engajados, criando uma conexão emocional duradoura.
Além disso, a comunicação da Legião Urbana com seu público era marcada pela autenticidade e transparência. Renato Russo, líder da banda e principal letrista, estabeleceu uma conexão profunda com os fãs por meio de suas letras e declarações em entrevistas, transmitindo uma sensação de proximidade e identificação. Essa abordagem comunicativa genuína contribuiu para fortalecer a imagem da banda e criar uma base de fãs leais e engajados.
Outro ponto importante a ser destacado são as letras das músicas da Legião Urbana, que abordavam questões e reflexões que ressoaram com uma geração inteira, tornando-se símbolos de uma época. A capacidade da banda de capturar as preocupações e aspirações de seu público-alvo foi um fator crucial para sua relevância cultural e impacto social, solidificando sua posição no cenário do rock nacional.
Mesmo após o falecimento de Renato Russo em 1996, o legado da Legião Urbana perdura até os dias de hoje. A atemporalidade de suas músicas e mensagens mantém a banda relevante e presente na cultura brasileira, conquistando novas gerações de fãs ao longo do tempo. Esse legado fortalece o branding da Legião Urbana como uma das maiores e mais influentes bandas do rock nacional.

6. Jefferson Starship: o surgimento do SEO

Quando surgiram os primeiros mecanismos de busca, ficou claro rapidamente que estar no topo da lista de resultados de busca era essencial para vencer a corrida pelos cliques, uma competição que se tornou extremamente importante nos dias de hoje.

Curiosamente, acredita-se que o nascimento do SEO tenha vindo de uma fonte improvável: uma banda de rock.

O Jefferson Starship, juntamente com o início da era digital, lançou seu próprio site. Embora o site da banda fosse visualmente impressionante para a época, os mecanismos de busca não consideravam (e ainda não consideram) a aparência do site ao classificar uma página. Por isso, em uma manhã de fevereiro de 1995, o empresário da banda ligou com raiva para o vice-presidente da Cybernautic para perguntar por que o site oficial da banda estava aparecendo na página 4 dos resultados da pesquisa.
O problema era que a frase “Jefferson Starship” não era mencionada com frequência suficiente. Além disso, outros sites e notícias estavam usando o nome da banda mais frequência em seus textos e, portanto, tinham uma classificação mais alta.
Para resolver o problema, os desenvolvedores do site escreveram “Jefferson Starship” em todo o site e simplesmente coloriram o texto para combinar com a cor de fundo. O site disparou para o número 1 imediatamente, e assim nasceu a Otimização para Mecanismos de Busca (SEO).
Os tempos mudaram e as técnicas também. Aquela era poderia ser comparada a um “velho oeste” digital, onde os mecanismos de busca dependiam de palavras-chave e metatags para classificar os sites. Se você quisesse se destacar nas classificações, bastava usar uma palavra-chave a mais do que seus concorrentes. Gradualmente, os rankings de busca começaram a levar em consideração outros aspectos, como o tipo de conteúdo, o nome de domínio e a estrutura do site.

7. Rock in Rio

O Rock in Rio é um dos maiores festivais de música do mundo e tem se destacado não apenas pelo seu sucesso artístico, mas também como um case de marketing de grande relevância. O evento, que teve sua primeira edição realizada em 1985 no Rio de Janeiro, conquistou uma posição única no cenário musical e se tornou referência quando se trata de estratégias de branding e engajamento do público.

Muitas marcas criam espaços exclusivos dentro do festival para promover suas mensagens e produtos. Esses espaços podem incluir lounges, estandes interativos ou até mesmo palcos temáticos. Por exemplo, a Heineken costuma ter um espaço chamado “Heineken Lounge”, onde os visitantes podem desfrutar de uma experiência premium.

Outra campanha de destaque que é atrelada ao Rock in Rio é a da marca Volkswagen é duradoura e vem acontecendo há mais de dez anos. A Volkswagen associa seu nome ao festival do Rio de Janeiro e já lançou versões especiais de veículos como Gol, Fox e Saveiro com a temática Rock in Rio.

Volkswagen no Rock In Rio

Durante o Rock in Rio 2022, a Volkswagen teve uma presença marcante. A marca ocupou quatro espaços diferentes no evento, destacando o ID.4, seu primeiro SUV elétrico. A Casa Volkswagen serviu como ponto de encontro para convidados e ações com a imprensa, expondo produtos como a família SUVW, que inclui o ID.4, Nivus, T-Cross e Taos. Além disso, a Volkswagen teve um estande interativo de três andares próximo ao Palco Mundo, onde os visitantes puderam conhecer o ID.4 e participar de atividades relacionadas à estratégia Way To Zero da marca, que visa neutralizar as emissões de CO2 até 2050. Também foi disponibilizado um aplicativo chamado “Abasteça Consciente”, no qual os participantes puderam interagir e participar de competições relacionadas ao tema do evento. Aqueles que obtiveram maior pontuação foram premiados com NFTs contendo créditos de carbono, demonstrando o compromisso da Volkswagen com a sustentabilidade.
Em suma, a parceria entre o Rock in Rio e diversas marcas é estratégica para ambas as partes. O festival proporciona à marca uma oportunidade de se conectar com o público jovem, renomados artistas e engajamento digital. O festival aproveita essa sinergia para promover experiências únicas e cativantes no local do evento.

Conclusão

Os cases apresentados demonstram como o mundo do rock sabe aproveitar sua criatividade e irreverência também para o marketing e sua comunicação. Também vimos como diversos princípios do marketing são fundamentais para fortalecer a presença e a imagem de artistas e bandas de rock. Através desses exemplos, esperamos ter ativado a sua criatividade, sua vontade de expandir, inovar para, assim como o rock, resistir à prova do tempo.

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