Os NFTs (Tokens não fungíveis) estão sendo encarados por muitas marcas e profissionais de marketing não somente como mais uma forma de se conectar com seus consumidores, mas também como uma fonte de geração de receitas. Entretanto o marketing para NFTs é ainda um ilustre desconhecido para a grande maioria do mercado.
Tokens não fungíveis, criptomoedas, tokens de segurança, tokens de privacidade são produtos digitais que estão sendo criados em escala exponencial atualmente. Primordialmente todos eles possuem como base a tecnologia do blockchain.
Os NFTs não são tão novos. O primeiro projeto com NFTs aconteceu em 2015. Entretanto sua ascensão meteórica só veio a acontecer em 2021, quando a venda de uma arte digital cunhada em NFT chegou a valores somente até então atingidos por Monets e Picassos.
Em março de 2021, ele foi o primeiro artista a criar um NFT para ser vendido. A peça, uma colagem de 5.000 imagens que ele levou 13 anos para concluir, foi arrematada na Christie’s por incríveis US $ 69 milhões. Esse evento foi o gatilho que disparou a agitação atual no mercado de NFTs.
NFTs são certificados digitais de autenticidade. Nesse sentido, eles garantem a autenticidade do conteúdo digital, como a obra de arte do Beeple, coleções digitais, músicas, videogames entre outros. Da mesma forma podem ser aplicados a ativos físicos. Em síntese eles funcionam como uma prova de propriedade, imune a fraudes, graças as características de inviolabilidade da tecnologia do blockchain.
Uma característica dos NFTs é que eles são únicos e indivisíveis. Uma analogia simples para entender isso é imaginá-los como um ingresso numerado para uma cadeira no Estádio do Morumbi para um jogo do São Paulo. Ou seja, você não pode dividir o ingresso e enviar parte dele para alguém. Se você o fizer ele não valerá nada por si só e não terá qualquer valor comercial.
Ao contrário, criptomoedas são tokens fungíveis. Portanto são idênticos e possuem os mesmos atributos e valor quando trocados. Por exemplo, tanto o Bitcoin (BTC), como o Ethereum (ETH) e demais criptomoedas são tokens fungíveis.
O ato de transformar algo em um NFT, como a coleção de vídeos da Galinha Pintadinha, ou a propriedade de um sítio em Atibaia é conhecido como cunhagem ou tokenização. Atualmente a predominância das tokenizações ocorrem no Ethereum, uma tecnologia de blockchain que funciona como um livro-razão digital que registra todas as transações em torno dos ativos ali comercializados.
Os tokens não fungíveis são uma evolução do conceito de criptomoedas. Os sistemas financeiros modernos consistem em sistemas sofisticados de negociação para diferentes tipos de ativos, desde imóveis a empréstimos e obras de arte. Ao permitir representações digitais de ativos físicos, os NFTs avançam na reinvenção dessa infraestrutura.
Primordialmente, a ideia de representações digitais de ativos físicos não é nova. Da mesma forma também não o é a identificação única. No entanto, quando esses conceitos são combinados com os benefícios de uma cadeia de blockchain de contratos inteligentes à prova de fraudes, eles se tornam uma tremenda força para a mudança.
Em principio, o benefício mais óbvio dos NFTs seja a eficiência do mercado. A conversão de um ativo físico em digital agiliza processos e elimina intermediários. Os NFTs que representam obras de arte digitais ou físicas em uma cadeia de blockchain eliminam a necessidade de agentes e permitem que os artistas se conectem diretamente com seu público. Nesse sentido eles também podem melhorar os processos de negócios. Por exemplo, um NFT para um queijo da Serra da Canastra facilitará a interação de diferentes atores em uma cadeia de suprimentos e ajudará a rastrear sua proveniência, produção e venda durante todo o processo.
Os tokens não fungíveis também são excelentes para gerenciamento de identidade. Considere o caso de passaportes físicos que precisam ser apresentados em todos os pontos de entrada e saída. Ao converter passaportes individuais em NFTs, cada um com suas próprias características de identificação, é possível agilizar os processos de entrada e saída nos países.
Os profissionais de marketing digital perceberam logo o potencial dos NFTs, tanto para impulsionar publicidade assim como para gerar receitas. Nesse sentido têm sido usados para tanto para promover a renovação assim como o reposicionamento de marcas clássicas com novos artistas.
A Pizza Hut do Canada criou uma campanha com uma quantidade limitada de NFTs para suas pizzas. Foi a primeira “pizza não fungível (NFP)” do mundo. Eles foram lançados a um preço de 0,0001 ETH por pedaço de pizza. O valor foi definido tendo como base o preço aproximado de um pedaço real de pizza em março de 2021, cerca de R$ 1,06 na época. Atualmente vale R$ 2,60. A campanha foi um sucesso, os NFTs se esgotaram em muito pouco tempo e a marca gerou uma enorme visibilidade em mídia espontânea além do aumento das vendas.
A Lays, uma marca de batatas fritas da PepsiCo lançou sua primeira campanha de NFTs na Romênia. Com foco na base de consumidores mais jovens e de nativos digitais. O NFT da Lays é uma arte digital composta de mais de 3.000 sorrisos. Captaram mais de 300 mil dólares com a campanha e todo o dinheiro arrecado Foi direcionado para organizações sem fins lucrativos da Romênia.
A primeira iniciativa da Audi com NFTs, feita no mercado chinês, foca na geração de receitas e aumento de lucro. Ela buscou atrair um público mais jovem e experiente em tecnologia disponibilizando uma plataforma que oferece um novo mecanismo de precificação chamado de blind box. Basicamente ele automatiza o processo de definição de preços sem a participação direta do vendedor. O preço do carro é calculado automaticamente com base em vários fatores, como transações para NFTs semelhantes, vendas recentes de NFTs entre outras.
Para grandes marcas, os NFTs são uma ótima maneira de capitalizar seu portfólio de propriedade intelectual. A NBA tinha uma ideia do valor comercial dos NFTs bem à frente do mercado. Em 2019 eles firmaram um acordo com a Dapper Labs para criar a NBA Top Shot, uma plataforma digital para os fãs de basquete coletarem, trocarem e adquirirem momentos da história da liga via NFTs. Esse exemplo da NBA pode ser uma ótima oportunidade para o nosso futebol!
Como parte de sua estratégia de marketing, a Havaianas leiloou cinco artes digitais em maio de 2021. O lucro foi destinado para um projeto social na cidade de São Paulo.
O Atlético Mineiro foi o primeiro clube brasileiro a adotar os NFTs. Ele aderiu ao projeto 100 Creators, da Binance para comercializar uma coleção de camisas históricas do clube.
A Nissan lançou uma edição exclusiva e limitada a 1.000 unidades do Nissan Kicks, o Kicks XPlay, com um NFT associado a cada unidade. Quem comprar o carro leva o token desenvolvido com base nos esboços do design dessa edição feitos pelo artista digital brasileiro Fesq.
Assim como lá fora, as iniciativas aqui no Brasil, apesar de poucas ainda, já cobrem um amplo espectro de indústrias e objetivos de marketing e geração de receitas. O jogo está só começando e a partir de 2022 deveremos assistir a grandes movimentos com NFTs aqui no Brasil e no mundo.